- Desculpa, - começou por dizer o rapaz. – não
te queria assustar. Estava a passar por aqui e não pude deixar de ficar
encantado com a tua voz.
Catarina
estremeceu, não se sentia bem quando lhe davam elogios, acha que não era
merecedora deles. Mesmo assim, e por uma questão de educação agradeceu.
-
Obrigada. – Levanta-se, fecha o piano e preparar-se para sair.
-
Não tens de agradecer, apenas disse aquilo que está á vista de todos. Tens uma
voz maravilhosa. – Catarina sorriu e seguiu o seu caminho.
Por
outro lado, o rapaz ficara ainda mais um pouco naquele local a relembrar na sua
cabeça aquela música que instantes antes ouvira Catarina a cantar. Ele achava
que a voz dela era maravilhosa, harmoniosa até.
Passado
algum tempo, levantou-se e seguiu para casa do seu irmão.
------ # -------
Javi
chegara a casa e atirara-se para cima do sofá. Porque é que sempre que ele
tentava ajudar alguém essa pessoa acabava por desiludi-lo? Porque é que ele
conhecia sempre as pessoas erradas? Será que ele fizera alguma coisa noutra
vida e estava a pagar agora? Mas a pergunta que mais pregava na sua cabeça era:
Porque é que ele se sentia tao atraído a Catarina?
Ele mal a conhecia,
isso era a realidade. Javi sabia que se ia acabar por desiludir mais uma vez,
aliás, essa desilusão já estava a começar. Ele ia se afastar de Catarina. Sim,
era isso que ele ia fazer. Sabia que era a atitude correta a tomar, contudo
sentia o seu coração pequenino sempre que pensava nisso.
Estava em
volto dos seus pensamentos que nem deu pela entrada do seu irmão mais novo,
Andrés, em casa.
- Então
maninho, não está um lindo dia lá fora? – Perguntara-lhe o seu irmão assim que
se atirava para o sofá juntando-se a Javi.
- Hum hum,
lindo dia sem dúvida. – respondeu-lhe dando aquele toque de ironia que fazia
transparecer que o dia não lhe tinha corrido bem e Andrés percebera isso.
- Já
percebi que não estás bem e nem vou perguntar o que se passa pois sei que
quando quiseres falar tu falas.
-
Obrigada. – Agradeceu Javi. De facto, ele agradecia mesmo pois como ia explicar
ao seu irmão que estava assim por causa de uma rapariga que mal conhecia?
- Vamos
mudar de assunto. – Falou Andrés virando de frente para Javi. – Hoje conheci
uma rapariga. – Javi revirou os olhos, não o fez por mal mas era justo ele não
querer falar de raparigas, ou não? – Já percebi que não queres falar sobre
isso, deixa lá.
- Não não,
conta-me lá isso. – Respondeu-lhe sorrindo. Ele podia não querer falar de
raparigas mas Andrés não tinha culpa disso.
- Eu passei
naquele parque que me falaste ao vir para casa e ouvi uma rapariga a cantar.
Javi, não imaginas como ela era linda. – Andrés sorriu ao relembrar-se desse
momento. – Quando ela acabou de cantar fui lá ter com ela mas quase não
falamos, ela foi logo embora. – Javi notou o desanimo na cara do seu irmão.
- Vais ver
que ainda a vais voltar a ver e vê se dessa vez a convidas para sair.
- Espero
que tenhas razão. – Concordou Andrés. – Então e tu, queres falar sobre o que se
passa?
- Não é
nada de mais, apenas aproximei-me de uma rapariga e acho que estava a sentir
alguma coisa por ela mas acabei por me desiludir com ela. Como se já não fosse
habitual. – Constatou abatido Javi.
-
Raparigas não te faltam. Logo vamos sair e vais ver que animas logo. – Javi ia
contrapor mas Andrés nem lhe deu hipóteses. – Nem tentes dizer nada, vamos e
acabou.
A conversa
sobre aquele assunto ficou por ali e continuaram sobre coisas banais.
Não
deixava de ser cómico, os dois irmãos interessados na mesma mulher sem saberem.
Um apaixonado mas decidira afastar-se, o outro, encantado e com vontade de a
conhecer mais. O melhor? Ambos se aconselhavam mutuamente sobre ela, sem
saberem que ainda muito iriam discutir e que aquela cumplicidade iria acabar,
quando se apercebessem que apenas um deles ficaria com ela.
--- # ----
- Mãe, o
Rúben pode ser nosso pai? – Leonor olha Rúben e tentar controlar as lágrimas
que lhe vinham aos olhos. Catarina estava certa, Rúben amava os meninos e eles
amavam-no, e Leonor estava a privar pai e filhos da sua relação. Mas o
engraçado, é que mesmo sem saber deste laço que os unia, eles lá no fundo,
sentiam-no, pois mesmo conhecendo-se á pouco tempo, eles … realmente amavam-se.
- Oh
Filipa, os pais não se escolhem assim. – Leonor tentou desviar o assunto para
não começar a chorar ali mesmo.
- Mas mãe,
nós não conhecemos o nosso pai e o Rúben é mesmo fixe para nós, vá lá, deixa-o
ser nosso pai. – Desta vez fora Tomás que pedira. Leonor encontrava-se
perplexa, não sabia que dizer ou fazer. Rúben ao vê-la tão atrapalhada resolveu
ajuda-la.
- Que
acham de eu ser o vosso pai a fingir? – Sugeriu Rúben.
- E
podemos te chamar de pai?
- Por mim
podem.
- E
levas-nos a passear e fazer aquelas coisas todas que os meus amigos dizem que
fazem com os pais? – Perguntou Tomás.
- Se a
vossa mãe deixar, claro que sim. – E então todos olharam na direcção de Leonor.
“ Como posso não deixar? Ele é o vosso pai “ ,
pensou Leonor para consigo.
-Se o
Rúben não se importar, eu não me vou opor.
- Fixe . –
Tomás e Filipa saltaram para o colo de Rúben. Leonor saíra de mansinho porque
estava mesmo quase a ceder ás lágrimas.
( ….. )
Depois de
devidamente recomposta, Leonor voltara á sala. Rúben ainda não se encontrava lá.
- Onde
está o Rúben? – Perguntou Sofia.
- Ficou no
quarto a brincar com os meninos, eles chatearam-lhe muito a cabeça.
- Ah, não
tem problema. – Sofia sorriu.
Nesse
momento, ouve-se a porta de casa a abrir, olham na direcção da porta da sala e
vêem Catarina.
- Não
sabia que tínhamos visitas. – Inquiriu na direcção de Leonor e sorrindo na
direcção dos restantes.
- A minha
irmã veio cá. – Catarina cumprimentou todos mas não sabia quem era Gonçalo.
Pensou ser namorado de Sofia … mas isso queria dizer que Rúben estava livre.
Catarina
saiu da sala e foi ver os meninos, quando entrou no quarto deles estranhou a
presença de Rúben lá.
- Por
aqui? – Perguntou enquanto cumprimentava Rúben. Antes que este tivesse
oportunidade de responder, Filipa antecipou-se.
- Ele é o
nosso pai Lipa. – Catarina, ou Lipa, ficou estupefacta com o que ouvira. Será
que Leonor tivera contado a verdade? Se Sofia e Rúben já não estavam juntos
podia ser verdade que Leonor tivesse aberto os olhos e contado a verdade.
- Não
acredito que ela finalmente contou a verdade. – Constatou Catarina quase em
sussurro mas ainda assim audível para Rúben.
- Que
disseste Catarina?
- Que já
era tempo de a Leonor dizer a verdade, que és pai dos meninos. Eu avisei montes
de vezes para ela parar de esconder este segredo. – á medida que ia ouvindo,
Rúben nem queria acreditar. As desconfianças que tivera eram verdade, Mauro
tinha razão. Como pudera ser tão burro? Ele levantou-se indo na direcção da
sala. – Onde vais? – perguntou Catarina.
- Acabar
com esta farsa de uma vez por todas. – Afirmou Rúben convicto.
Catarina
ficou sem perceber o que se estava a passar e foi atrás de Rúben. Quando este
chega na sala, todos conversavam amenamente até que Rúben entra de rompante e
fala.
- Leonor,
eu e tu vamos ter uma conversa e é já.
Leonor não
sabia o que dizer, Catarina pedia desculpas com o olhar, Gonçalo riu
interiormente, pois queria que aqueles dois se entendessem e Sofia ficou
aparvalhada por não saber que Rúben e Leonor tinham aquele tipo de confiança.
- Alguém
me pode explicar como vocês se conhecem? E porque me mentiram? – Sofia estava a
ficar impaciente, e isso não era bom para o bebé.
Ninguém
naquela sala falava, porque ninguém sabia exactamente o que dizer. Rúben estava
confusa, seria de facto ele pai há já 2 anos? Leonor não entendia o que se
passava mas sabia que boa coisa não era. Sofia começou a sentir o seu coração
demasiado acelarado, começou a sentir-se tonta e com imensos calores.
- Eu não …
eu não me estou a sentir muito bem. – Inquiriu desesperadamente Sofia enquanto
levava as mãos á barriga.
O assunto
que levara Rúben ali fora esquecido e todos se preocuparam em ir para o
hospital com Sofia, afinal, ela estava grávida de 6 meses.
( …. )
Estavam no
hospital há já duas horas, ninguém falava com ninguém e ainda na sabiam nada de
Sofia. Ruben e Leonor olhavam-se. Catarina e Leonor olhavam-se. Gonçalo havia
ficado em casa com os meninos.
Estavam já
a desesperar quando o médico entra na sala.
-
Familiares de Sofia Andrade?
- Somos
nós. – Disse rapidamente Leonor e tanto Rúben como Catarina se juntaram a ela
junto ao médico.
- A Sofia
entrou aqui num estado de ansiedade muito elevado o que provocou uma reacção do
seu organismo. Como sabem ela deu entrada aqui com uma gravidez de 6 meses. A
Sofia sabia que a gravidez era de risco e não podia sofrer alterações repentinas.
Infelizmente, e lamento imenso anunciar, o bebe não resistiu. A Sofia perdeu o
bebe.
Aqui fica mais um capitulo meninas.
Espero que gostem e comentem.
Beijinho
Nii'i