JAVI
Quando a Leonor desabafa sobre o que pensa que a
Catarina tem eu fico sem reação. Como é que uma rapariga tão bonita como ela é
acha-se gorda e feia? Ela é… linda … atrevo-me mesmo a dizer que é uma das
mulheres mais bonitas que alguma vez conheci.
Agora
percebia o porquê de ela me falar daquela maneira, o porquê de ela me falar
mal. Ela estava psicologicamente em baixo, arrisco mesmo a dizer que ela nem
tinha autoestima. Eu queria conhece-la … ser amigo dela. A maneira como a
Catarina trata os meninos é enternecedora e cativante. Percebe-se que os ama e
os protege, mas quem a protege a ela? Queria ajuda-la a recuperar o comando da
sua vida. Sei bem como problemas psicológicos podem destruir a vida de uma
pessoa até não restar uma única célula. Primeiro parece algo vulgar e não damos
conta que já estamos a ser consumidos, depois torna-se regular e abcessivo, por
último chegamos ao ponto de cometer loucuras nunca antes pensadas. Quando nos
apercebemos da teia onde estamos e queremos pedir ajuda já não conseguimos e acabamos
por desistir sem nunca ter começado a lutar. Percebemos que já não há nada a
fazer, a nossa mente alterada ganhou esta luta maligna com a nossa ( tentativa
de ) vida e não queremos envolver outras pessoas demasiado importantes neste
sofrimento. Desistimos da vida... do mundo ... de amar ... desistimos de quem
mais nos ama. Sei demasiado bem o que é ver problemas psicológicos arrancarem
de nós quem mais amamos, quem mais nos faz falta.
-
Javi? Javi? - Olhei para a Leonor. –
Ouviste o que te disse? – Não, sempre que penso nele desligo-te do mundo.
-
Desculpa mas não te ouvi. – Ela bufou.
-
A única coisa que te peço é que não fales disto com a Catarina. Ela nunca reage
muito bem e quero pensar de uma maneira de a ajudar.
-
Claro, mas Leonor eu também a quero ajudar. – O Rúben olhou-me. Ele tinha
percebido as minhas razões. Ele apoiou-me muito nessa altura e nunca deixou que
também eu desistisse. Percebi que a Leonor ficou surpreendida com a minha
reação, no lugar dela também ficaria assim. – O Rúben depois explica-te. – Ela
assentiu com a cabeça e mudamos de assunto porque a Catarina se estava a
aproximar.
CATARINA
Eu
tinha de o fazer, por muito que quisesse dizer que não , as forças não eram
suficientes… isto consumia-me de uma maneira que eu não conseguia entender…
parecia ser este o único caminho possível.
Isto já era parte de mim, uma necessidade.
Pensado
bem isto fazia sentido e tinha mesmo de ser feito. Eu precisava de ficar magra
e bonita e comendo isso não era possível e eu comia sempre em demasiado.
Fi-lo!
Sentia-me
leve, aliviada. Tinha tomado a atitude certa. Lavei a cara e sai da casa de
banho. Ao aproximar-me da mesa vi que a Leonor já lá estava, tinha demorado
demasiado tempo, mas era impossível de controlar, quando o fazia parecia que
estava noutro mundo… parecia que era outra pessoa… parecia que o mundo parava
para eu tomar a atitude certa.
Sabia
que ela começaria a dizer disparates. Mas o que sabia ela realmente disto? Ela
nunca sentiu na pele o que eu sinto, ela sempre foi linda e homens nunca foi
problema para ela. Ela não conhecia a dor de ser rejeitada… a dor de ser posta
de parte, de ir na rua e de as pessoas comentarem o quão o nosso aspeto é asqueroso…
é tão mau que nos leva a pensar fazer o pior.
-
Eu vou indo para casa. – Disse assim que me aproximei da mesa.
-
Sozinha? – Respondeu prontamente a Leonor. Estava surpreendida por não te ter
dito nada. Se calhar ia deixar de me chatear sobre esse assunto.
-
Não,os meninos vão comigo.
***
LEONOR
Uma
semana se passou. Os meninos estavam um pouco engripados mas nada de grave. A
minha relação com a Catarina estava um pouco tensa, apesar de eu nunca mais ter
voltado a tocar naquele assunto ela sabe que eu não vou desistir pois
conhece-me demasiado bem.
Hoje
ia ser uma noite muito especial. Ia jantar a casa do Rúben e bem… acho que era
hoje que teríamos a “nossa” merecida noite, pelo menos assim o esperava pois
tenho imensas saudades de o sentir… de lhe tocar … de ele me tocar.
Os
meninos já estavam com os pijamas vestidos e estavam a ver televisão. Estava já
quase pronta quando a Catarina entre no quarto e senta-se na cama.

-
Estas linda. – Disse-me
-
Obrigada. – Sorri.
-
É para contar contigo para dormir fora? – Riu-se.
-
Não sei, também não ter quero sobrecarregar ainda mais com os meninos a Ana e o
Mauro… - Ela interrompeu-me.
-
Já te disse que não me importo de ficar com eles.
-
Não, tu vais jantar com o Javi e ponto final.
-
Eu não quero Leonor, eu já lhe disse isso mas ele não entende.
-
Catarina, não o afastes, deixa-o ser teu amigo, ele é das pessoas mais
incríveis que já conheci e só quer ajudar-te.
-
Ajudar-me em quê? – disse levantando-se e indo para o pé da janela. – No
problema que pensas que eu tenho? Espera lá, tu conteste-lhe o que achas?
- Contei, contei que estou preocupada contigo, contei que és a minha melhor amiga
e que estou farta de te ver morrer um bocadinho mais a cada dia porque não
acordas para a vida. – Aproximei-me. Ambas choravamos. – Lia, eu adoro-te e
sabes que preciso muito de ti ao meu lado, não me faças perder-te porque eu não
ia aguentar.- Suspirei. – Não te peço mais nada, apenas que desfrutes deste
jantar, aproveita a companhia do Javi como o amigo que ele quer ser,
simplesmente baixa essas barreiras pelo menos por hoje. – Limpei-lhe as
lágrimas e sorri. – E agora vai vestir a roupa que te pus em cima da cama. –
Olhou com cara de poucos amigos.
-
Nô, eu já estou vestida e pronta.
-
Nem pensar, não vais de calças de ganga, camisola larga e botas, nem penses.
Vai masé vestir aquilo antes que me chateie. – Ela percebeu que não valia a
pena dizer nada e saiu do quarto.
O
Mauro e a Ana vinham dormir cá a casa para os meninos não estarem a sair.
Acabei
de me arranjar e fui ver como estava a Catarina, ela estava fenomenal.
-
Bem, ainda dizias que eu estou linda? Já te olhas-te ao espelho?
-
Já e não gosto, estou mesmo feia Leonor . –Disse sentando-se e baixando a
cabeça-
-
Eih, - disse puxando a cabeça para cima. – Prometes que hoje baixavas as
barreiras, não quero que digas que estas linda mas também não digas que estas
feia. – Tocaram a campainha. – Aproveito a deixa e vou também. Diverte-te Lia e
confia no Javi, eu confio nele. – Sorri e sai.
Cumprimentei
a Ana e o Mauro, despedi-me dos meus pequeninos e sai de casa. Quando cheguei a
casa do Rúben, toquei á campainha e ele veio-me abrir a porta.
-
Olá princesa. – Beijou-me. E que beijo. Esta noite promete.
-
Olá bombom. – Era como lhe chamava quando namorávamos.
-
Que saudades de ouvir isso… - Abraçou-me. – Bem, mas vamos jantar. Anda cá. –
Tapou-me os olhos.
-
Eih, porque que estas a tapar-me os olhos?
-
Porque sim, anda e não reclama. – Riu-se. Chegamos á sala e fiquei sem sabem
que dizer. Estava tudo lindo…magnifico… mas mais que isso, estava igual á
primeira vez em que jantamos naquela casa há mais de 3 anos atrás, o nosso
primeiro jantar…a minha primeira vez foi nesse mesmo dia e ele sabia que eu era
virgem. Tornou tudo especial, um jantar romântico, um filme e depois um dos
melhores momentos que já vivi na vida. Ele foi o único homem com quem estive,
mas claro, ele não sabe isso pois se soubesse saberia que os filhos são dele.
-
Nem sei que dizer… tudo me faz lembrar de há … - interrompeu-me.
-
Do nosso primeiro jantar, da nossa primeira noite. Quis tornar tudo especial de
novo. Querias um novo inicio, aqui o tens, vamos começar tudo de novo. – Sorriu
e beijou-me.
O
Jantar correu maravilhosamente, eu amava aquele homem mais que a minha própria
vida. Falta a sobremesa. Tinha um feeling que seriam morangos e chantilly e não
me enganei. Exatamente o mesmo, tudo igual. Ele não se tinha esquecido de
nenhum pormenor. Acabamos os morangos e sentamo-nos no sofaá.
-
Amor, tenho uma prenda para te dar! - Se
fosse a jurar dizia que os meu olhos reluziram. Sim, eu era como as crianças,
amava prendas. – Continuas a mesma tontinha por prendas. – Riu-se e
levantou-se. Saiu da sala e quando voltou vinha com dois embrulhos – Toma.
-
Estou sem palavras. Ainda te lembras. – Disse com lágrimas nos olhos.
-
Como me poderia esquecer, é o teu maior vicio.
-
Não, o meu maior vicio és tu. – Ele chegou-se a mim e beijou-me. Beijou-me com
desejo. Ele deitou-se sobre o sofá e puxou-me para ele. As suas mãos já andava
debaixo da minha camisola até que acabou por tira-la, eu estava com as minhas
mãos no cabelo dele. Oh, que saudades! Estava tudo bem até que …
-
Nós não podemos… - disse o Rúben surpreendendo-me e levantando-se.
***
CATARINA
Ter
“aceite” ir jantar com o Javi foi um grande sacrifício, sim sacrifício. Sei que
muitas raparigas davam tudo para estar no meu lugar mas eu dava tudo para sair
dele. Eu não queria me aproximar dele, ou pelo menos não podia querer. Um homem
como ele não se deve dar com gente como eu, ele é…lindo…perfeito…incrível e tem
um sorriso que me hipnotiza é verdade, mas é errado, irrecusavelmente errado.
No
entanto não tive outra escolha, a Leonor obrigou-me, o Rúben, sim o próprio
Rúben obrigou-me e quando o Javi me pediu não consegui dizer que não. Mas sabia
que estaria a cometer um grande erro e ainda ia pagar muito caro.
Fui
ver como estava a Leonor ( ela ia jantar com o Rúben ) e não era de admirar que
estivesse linda, e não me enganei. Estava de facto fabulosa. Na minha ideia eu
já estava pronta mas a Leonor começou com as coisas dela e lá tive eu de vestir
um roupa dela, pois eu não tinha esse tipo de coisas. Achava demasiado bonita
para uma pessoa como eu. Mas nem contestei, com ela era impossível.
Quando
o Javi me mandou uma sms a dizer que tinha chegado, disse á Ana que ia andando
e ela ficou um bocado atabalhoada a olhar para mim.
-
Bem Catarina eu sabia que eras bonita mas tu estás um arraso. – Eu disse que me
ia arrepender.
-
Não digas asneiras, eu vou embora. – Fui dar um beijo aos meninos e sai. Ainda
bem que o Mauro estava na casa de banho.
Desci
e o Javi estava encostado ao carro mas de costas para mim. Aproximei-me e ele
nem deu pela minha presença, resolvi fazer-me notar.
-
Acho que podemos ir. – ele assustou-se ao ouvir-me e virou-se rapidamente. Fez
a mesma cara que a Ana. Caramba, eu sabia que estava mal, mas assim tanto? –
Javi?
-
Hã? Desculpa, sim vamos. – Abriu-me a porta e eu entrei. Fomos o caminho em
silêncio, um silêncio constrangedor. Chegamos rápido a um restaurante na
marginal, aqui era lindo. Como ainda era relativamente cedo para jantar fomos
dar uma volta. Aproximamo-nos duma ponte e ele falou.
-
Vamos até meio da ponte olhar o rio? – Oh não. Eu não queria dar parte fraca
mas aquela ponte juntava 3 medos meus: escuro, alturas e água.
-
Eu tenho medo. – Disse em sussurro.
-
Medo? Medo de que? – Perguntou não de forma curiosa mas de forma preocupada.
-
De muita coisa.
-
Dá-me a mão, eu não te vou largar. Eu não te vou abandonar… - olhou-me
fixamente. Porque será que aquilo me soava a muito mais do que o assunto da
ponte? Pior, porque aquilo me sabia bem ouvir? – Vamos? Confias em mim? –Lembrei-me das palavras da Leonor, "eu confio nele". Não
respondi apenas lhe dei a mão. Começamos a caminhar até que ele me sussurra uma
coisa ao ouvido que eu não estava de todo á espera de ouvir.
✓Porque será que o Rúben parou o momento?
✓Irá a Catarina conseguir baixar as barreira nem que seja por uma noite?
✓O que terá dito o Javi de tão surpreendente?
Olá minhas lindas (;
Antes de mais quero agradecer os 13 comentários e as 20 reacções foi de facto um grande incentivo para escrever este capitulo e as vossas opiniões dão-me ideias ;b
Espero que este capitulo esteja do vosso agrado e que tenha o mesmo feedback do anterior, por isso comententem e deixem a vossa reacção Um simples gesto pode mudar muita coisa (;
Beijinhos
Nii'i ♥
IMPORTANTE:
Sei que este capitulo nao vai ser do agrado de algumas pessoas mas eu tinha de parar a noite ali, a noite deles vai ocupar muito porque vão ser feitas revelações importantes para a história.
Outra coisa que acho importante dizer, é que a Catarina é uma personagem muito importante para mim e ainda me é um pouco dificil escrever sobre ela, peço desculpa se agora nao sai o melhor possivel mas ainda me estou a adptar a escrever sobre esse assunto que a mim me marca.
O Próximo trará mais revelações e será mais emociantes
Bem... como é que eu digo isto... não é que não tenha gostado, mas fiquei com a sensação que ficou tudo a meio... a única solução que encontro para remediar isto é mesmo o próximo muito rápido!
ResponderEliminarBjokinhas
Mariaa
Bem... já sabes o que achei ainda assim quero muito o próximo!!!!
ResponderEliminarBeijocas
Mari
reclamo, reclamo e reclamo!!! voçes pah sempre com a mania de acabar na melhor parte! e e nós que aguentemos com a curiosidade, achas bem menina Catarina?! :P
ResponderEliminarprimeiro, bem...acredito que a noite do ruben e da leonor será bem longa e a da Catarina e do Javi igualmente! mas tá tudo maravilhosooo!!! )
quero o proximo, rápidooo!! :P
ah, e as melhoras para a tua mao, espero que já estejas boa! :)
beijinhos
o que vai acontecer com o Ruben e a Leonor?? nao percebi o que aconteceu...
ResponderEliminarbeijinhos
Curiosidade já passou a ser o meu nome do meio. Continue, sim? Maravilhoso!
ResponderEliminarOlaa,
ResponderEliminarComeçei hoje a ler a tua fic e tive de ler tudo seguido.
Acho muito interessante que estejas a abordar um tema tão importante como esse nos dias de hoje, também estou bem próxima de um caso semelhante e bem sei que é um assunto delicado. Mas dou-te os parabens por o fazeres, é muito importante.
Quanto ao resto adoro a história e estou desejosa para saber qual vai ser a reacçao quando souber que é o pai dos meninos.
Continua assim :)
Inês Costa
Oi!
ResponderEliminarCompreendo-te. A Catarina também é para mim uma das personagens mais marcantes que já encontrei até agora e este capítulo foi... não sei dizer.
Não gostei da noite deles ter ficado a meio, e refiro-me à dos dois "casais".
Que venha o próximo!
Beijinhos!
Gostei mas .... sei la ! Compreendo e respeito como é obvio !
ResponderEliminarEstou aqui mortinha para saber as ditas revelações e admiro a tua vontade e coragem de falares de um assunto e da personagem que são marcantes para ti :)
Beijinhos , espero pelo proximo !
Jé : )
Tortura, tortura, tortura!
ResponderEliminarMas que é isto???
Primeiro, se nao fosses tu, nem tinha dado pelo capitulo. Esta visto: a escola esta a prejudicar a minha vertente de leitora!
Segundo, oh Ruben, mas tu bateste com a cabeça? Nao podem? Ai isso e que podem xD Estavam a ir tao bem!
Hum e o Javi e a Catarina? Que fofos! Tenho cada vez mais a certeza que sera o Javi a curar a Catarina, porque pelos vistos tambem alguem antes o curou de alguma coisa. So nao sei o que! E agora este sussurro??? Ai que curiosidade!
Va vamos debater o proximo! xD
Besito
Ana Santos
A Catarina está a começar a ceder, gosto disso.
ResponderEliminarEstou a tornar-me viciada na tua fic.
Bjs